Alguns anos atrás eu me interessei por métodos ágeis. Desde então, aprendi coisas bem legais: Design Thinking, Gerenciamento de Projetos, Scrum, Lean, UX, Kanban. Um monte de nome de coisa legal, um monte de conceito bacana, um monte de informação que serve para resolver problemas e possibilitar um novo jeito de trabalhar.

Soma-se a isso as plataformas online de trabalho, como o miro, o trello e outras parecidas e você tem um mundo de possibilidades e de ferramentas para fazer acontecer a inovação com métodos ágeis.

O problema é que tenho visto muita gente confundindo os objetivos dos processos. No fim, quando a gente tem um monte de possibilidade, fica mais difícil escolher o que usar. Por exemplo, se você precisar escolher entre cara ou coroa, é mais fácil acertar do que escolher uma carta específica num baralho de 52 cartas (só lembrar do Duas-Caras no Asilo Arkham).

Então, resolvi tentar (veja bem, TENTAR) explorar onde incluir cada uma das ferramentas, processos e frameworks em um conceito que denominei Triplo Diamante, que é uma forma de analisar desde a necessidade que precisa ser atendida até a construção final da ideia escolhida.

O PCUV

PCUV é uma sigla desenvolvida pelo Finocchio em sua segunda edição do livro Project Model Canvas, que quer dizer Problema, Construção, Uso e Valor, nessa ordem. A ideia é que as empresas sempre terão problemas para resolver. Para resolver os problemas, uma construção de produto ou serviço acontecerá. Esse produto ou serviço será, então, usado por um cliente. O uso que o cliente faz trará valor de volta à empresa.

Uma ideia simples, que faz um sobrevoo de tudo que pretendemos. O que se busca, no fim, independente da quantidade de ferramentas utilizadas, é trazer uma solução para o cliente que será convertida em valor para a empresa.

Modelo PCUV – Desenvolvido por José Finocchio Jr.

Design Thinking

O Design Thinking é uma solução pensada direcionada para o usuário. Bonito, mas confuso. O Design Thinking eu defino como um processo de definição de uma proposta de solução para uma ideia ou necessidade de alguma pessoa ou empresa. É um processo que, conforme aprendi na Echos (Escola de Design Thinking), acontece dentro do que eles chamaram de Duplo Diamante.

O Duplo Diamante é uma sequência de divergências e convergências que buscam chegar à resposta de um problema complexo. A ideia é que alguém traga um problema complexo e os primeiros esforços são direcionados para a divergência. Nesse contexto, quanto mais se aprende sobre o que quiser de determinado tema ou algo relacionado a isso, melhor. Quanto mais divergente for a aprendizagem sobre o problema, melhor.

Em seguida, busca-se utilizar tudo que foi discutido e aprendido em uma convergência de ideias para um determinado ponto de vista. A partir desse ponto de vista, normalmente escolhido e personificado em alguém, um novo processo de aprendizagem recomeça. Dessa vez, é algo direcionado à pessoa sobre a qual nosso ponto de vista está apoiado. É uma nova divergência. Por fim, após a segunda onda de divergência, uma nova convergência acontece e direciona os esforços para um protótipo de solução.

É um processo iterativo, incremental, que utiliza bastante ferramenta. Mas que, na maior parte das vezes, não resolve problemas práticos de produção, por exemplo. Ao término do segundo diamante, a empresa tem na mão uma ideia.

Projeto

É aí que entra o terceiro diamante. O projeto de desenvolvimento do produto. Para isso, é preciso divergir e pensar em todas as possibilidades para a realização do projeto e, em seguida, convergir para o desenvolvimento da execução do projeto. Esse é o terceiro diamante.

Onde as peças se encaixam?

Tudo começa com o Design Thinking no primeiro diamante. Divergir e convergir exigem muitas atividades de discussão e aprendizagem. Quando chegamos no ponto de vista, apesar de ainda fazer parte do Design Thinking, entra em cena a UX. User eXperience (Experiência do Usuário). O DT tem suas técnicas e procedimentos, mas os conceitos de UX são fundamentais para o desenrolar do Segundo Diamante.

Ao final do segundo diamante nasce o projeto. Nesse caso, usar os 49 processos do PMBoK é uma possibilidade, mas aqui o caminho se bifurca e a escolha depende mais do que será construído do que a familiaridade com a ferramenta. Suponhamos que o final do projeto seja algo possível de planejar minuciosamente antes de começar a execução. Bom, nesse caso, o PMBoK é uma boa escolha. Mas se não for possível ter uma clara noção das funcionalidades e requisitos, ai precisamos de um outro caminho.

Nesse caso, entra o Scrum, um framework bastante funcional. Dentro dele, o pessoal que desenvolve pode usar os princípios do Lean para a criação de protótipos e o Kanban para organização do desenrolar.

Tem mais algumas coisas

Tudo que for desenvolvido com DT, UX, PMBoK, Scrum, Kanban, Lean, também pode se beneficiar de atividades e habilidades interpessoais, tais como comunicação não-violenta, inteligência emocional, técnicas de motivação, negociação ou resolução de conflitos.

E dentro de cada um dos processos de divergência e convergência, é possível utilizar um sem número de ferramentas ou técnicas, tais como Lego Serious Play, métodos de 5 Sprints, OKRs, atividades escaláveis e Canvas para um monte dessas etapas.

Por fim, é possível fazer tudo isso de maneira remota. Para isso, as ferramentas virtuais como o Miro ou o Trello podem ser importantes. No fim, cada peça se encaixa em um momento ou local específico.

Desconfiando

O que não pode é tentar resolver a produção usando DT, ou forçar Scrum em todas as atividades, ou tentar fomentar OKR sem trabalhar a cultura interna, ou usar Kanban impondo um fluxo de início. Cada macaco no seu galho. Desconfie de quem usa essas ferramentas, técnicas, frameworks, metodologias e boas práticas como se fosse uma pedra filosofal que resolve todos os seus problemas.

O trabalho para conseguir valor para um problema é muito mais complexo do que aparenta. É cansativo, custoso e exige boa vontade, compreensão e inteligência compartilhada. Sem ética, nada resolve. No fim, é só lembrar dos valores do Manifesto Ágil: Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas.

O quarto diamante

Pois ainda é possível incluir um quarto diamante e criar um ciclo de virtude. Esse quarto diamante pode ser o diamante de relacionamento com o usuário. Aqui caberiam as técnicas de marketing, de controle de crises, de Efeito UAU da Disney. Enfim, ainda temos coisas para incluir. O modelo não é fechado.

Será que consegui?

Foram muitos anos de estudo em diversos desses nomes que abordei nesse texto para tentar enxergar essas relações. Talvez sejam relações simples, talvez seja um esclarecimento iluminado. O que vale mesmo é que, a partir de agora, você pode compartilhar o que pensa aí nos comentários. Vamos nessa! Vamos construir juntos um aprendizado sobre os conhecimentos envolvidos nesse texto. Te desafio!

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Felipe Colombelli Pacca

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